Regressão: Hipnose e Relaxamento (Artigo)

Artigo de Dr. Idalino Almeida, Psicanalista e Terapeuta de Regressão, publicado no Jornal Líriom, em 1997

 

No processo regressivo, a meta é assessorar o arquivo de memória no afloramento, trazer para a consciência o conteúdo causador do conflito e trabalhar sua carga emocional de cada vivência. Os meios para se chegar às lembranças são vários, incluindo os que provocam o estado alterado de consciência, como: relaxamento, estimulação da memória, imaginação criativa, hipnose e muitos outros.

Reportemos ao nosso cérebro, composto de dois hemisférios – o esquerdo e o direito -, cada um com funções próprias, mas que trabalham em parceria. O esquerdo é verbal, lógico, digital, analítico e racional. O direito é visual, sintético, intuitivo, não verbal.

O fato de o lado esquerdo estar ligado aos cinco sentidos e, enquanto aquele permanecer em vigília, isso nos proporciona o estado BETA de consciência com raciocínio lógico, ou seja, estamos despertos para o mundo externo, assim como para as funções de nosso corpo. O hemisfério esquerdo controla o lado direito do corpo e vice-versa.
Em estado de relaxamento profundo, o hemisfério esquerdo sai de “cena”, passando o controle para o hemisfério direito, o que torna a consciência mais aguçada. É o chamado estado ALFA. É nesse estado que fica fácil acessar o arquivo da memória, trazendo ao “palco” da consciência vivências passadas que a sua estrutura lhe permite lembrar.

A hipnose também é um meio para se conseguir a regressão, conduzindo o indivíduo ao estado alterado de consciência. Apesar dos equívocos cometidos pelos praticantes dessa técnica, em razão de seu mau uso por alguns, em outros países a hipnose é muito bem aceita e aplicada.

Na verdade, toda hipnose é uma auto-hipnose, porque o paciente apenas delega ao hipnólogo o papel de condutor do processo, já que ninguém é hipnotizado se assim não o quiser. Vale dizer que, quanto mais profundo for o estado hipnótico, mais difícil fica o acesso às lembranças mais íntimas da pessoa.

Hoje, classificamos a hipnose em leve, média e profunda. O primeiro estágio é o relaxamento profundo, em que o hemisfério esquerdo repousa e o direito assume o comando. Com a consciência mais ativada, o paciente conversa com o terapeuta e seleciona as vivências que deseja trabalhar.

Dentre os métodos, podemos usar o da fantasia dirigida, lembrança de sonho marcante ou repetições de frases-chave relacionadas ao universo do cliente.

A relatividade é grande. Existem casos de pessoas que chegam ao consultório já semi-regredidas, ou seja, com a sensibilidade tão aflorada, que um pequeno “empurrãozinho” do terapeuta já ajuda o paciente a entrar em regressão. Há, também, os pacientes mais resistentes, que demoram várias sessões para relaxar e regredir.

São válidos todos os meios, desde quando as pessoas delegam ao terapeuta a condição de assessor, pois a relação de confiança estabelecida representa 80% do processo andado. Na verdade, ninguém cura ninguém. É você próprio que desperta sua força interior, acionando conscientemente seu pensamento e seu poder adormecido de recordar. É a falta de autoconhecimento que gera conflito e doenças somatizadas. Em síntese, tudo depende de você mesmo. O conflito existe enquanto estiver no inconsciente; a terapia traz a causa para a consciência e, já consciente, o conflito praticamente deixa de existir.

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