Artigo de Dr. Idalino Almeida, Psicanalista e Terapeuta de Regressão, publicado na Revista Viver Melhor
Hoje em dia, as pessoas estão recorrendo à regressão para tratar de seus conflitos. Foi através do trabalho pioneiro de Pierre Janet, no fim do século XIX, que se tomou conhecimento da regressão. Janet foi aluno do respeitado professor Charcot (1825-1893), responsável pela fundação da Escola Salpetrière de Hipnotismo, na França, que trouxe credibilidade à técnica.
Através da regressão, Janet fez com que seus pacientes recordassem incidentes passados, que tinham sido particularmente dolorosos ou excessivamente angustiados. Tais lembranças desencadeavam uma descarga emocional, que conduzia o indivíduo a uma compreensão mais profunda de si próprio e dos efeitos traumáticos em sua vida. Mas a regressão evoluiu a ponto de se regredir no tempo não só até o útero, mas até os conflitos gerados em vidas passadas (como quando fazemos regressão em crianças).
Imagine como seria se, de repente, você encontrasse o diário que manteve aos dezesseis anos. As palavras iriam descrever sentimentos e emoções de alguém de dezesseis anos de idade, com todos os problemas, esperanças e temores envolvidos. Olhando para aquele diário, talvez uns vinte anos depois, você provavelmente sorriria do fato de alguns daqueles problemas lhe parecerem impossíveis na época – e como desejaria que eles fossem tudo aquilo com que você tivesse que se preocupar hoje! Mas isso não significa que, para alguém de dezesseis anos, aqueles problemas não eram de fato reais. O efeito deles em sua vida foi e está sendo muito real hoje.
Reviver uma situação passada lhe ajuda a colocá-los em perspectiva e ver que algo que pode ter tido um efeito devastador sobre você, aos 10 anos de idade ou bem menos, tem um efeito bem menos grave quando vistos pelos olhos de alguém de quarenta anos. E por não ter oportunidade de rever o passado com os olhos de hoje, o indivíduo se mantém nervoso, sem entender o que lhe acontece.
Os indivíduos geralmente chamados “nervosos” formam verdadeiras legiões nos dias atuais. Uns, por terem esse “nervosismo” pouco acentuado, conseguem dominar-se, embora ao preço de um penoso e contínuo esforço. Outros, no entanto, depois de tremenda e, por vezes, silenciosa luta interior, manifestam o desajustamento do sistema nervoso, através de sintomas mais ou menos ruidosos e extremamente variáveis de um paciente para outro. Esses últimos, não podendo mais deixar de dar vazão às suas queixas, o que fazem seguidamente, acabam percebendo que sua presença torna-se menos agradável em duras e amargas alternativas, silenciando-se (o que os deixa mais ansiosos e angustiados) ou externam suas fobias, obsessões e preocupações de toda ordem.
Nessa última hipótese, fica mais aliviado. Alívio esse contrabalançado pelo desprazer de perceber sua companhia pouco desejada ou mesmo incômoda, seja no ambiente familiar, social ou mesmo profissional. E agora, o que fazer? Procurar a assessoria de um profissional é o caminho mais correto, não importando o tipo de psicoterapia. O importante é estar aberto para as mudanças. Boa sorte!